Dois pesos e uma só medida!

Sao Paulo, o ano era 2014 e a véspera da noite mais importante do cristianismo, o Natal. Com esse ano aprendi uma lição sobre generosidade. Vi que muitos no mundo, ainda não estão aptos a praticar esse presente dado por D'us! 

Logo pela manhã, ainda me espreguiçava na cama, tentando começar o dia, quando de alguma maneira, não me lembro bem o fio da meada, iniciou-se uma conversa para lá de indigesta. O tema: avareza. O destinatário, os judeus!

A palavra em hebraico para avareza é kamsanut! קמצנות 

Tristeza maior é saber que esse  arquétipo está enraizado em todo o mundo ocidental. Judeu é  avarento, é mau, escraviza outros povos,  paga salários de fome, não se importa com a vida dos outros,  come criancinhas na noite de Natal, e por aí afora. 

Por conta desse arquétipo enraizado no inconsciente coletivo mundial, sofremos toda a sorte de perseguições: dos libelos de sangue, à inquisição, dos pogroms de 1938, à noite dos cristais e o impensável holocausto. 

As bençãos que recaíram sobre nós e nossos filhos, que nos tornaram prósperos, inteligentes e sábios, trouxeram a reboque e sobre nós a inveja e o ódio de muitos povos! Teorias e conspirações mundiais foram falsamente inventadas, atribuindo aos judeus a responsabilidade pela desgraça e tragédia humanas. 

Os protocolos de Sião, A Nova Ordem Mundial, são apenas uma amostra dos disparates imputados. Torres gêmeas, culpa dos judeus, quebra da bolsa em NY, culpa dos judeus, tsunamis, culpa dos judeus! Isso para não mencionar a maior acusação de todas: a que vem nos perseguindo há quase 3 mil anos: que os judeus são os assassinos de Jesus! 

Desde o patriarca Abraão, a nós foi dada a responsabilidade de sermos luz para todas as nações e com muito esforço temos trabalhado para isso. O Estado de Israel é fruto desse esforço: 70 anos depois da maior tragédia mundial, construímos com braços fortes uma nação! A custa de muito sangue, suor e lágrimas!

Pela generosidade de um povo, vidas foram salvas. O valor ao bem maior da Torá foi preservado  a qualquer custo. Vivi e cresci na diáspora, fora de Israel. Fui educada em um país onde a maioria acredita que não há acepção de pessoas, nem preconceito racial e o povo é pacífico. Paradoxalmente, as crianças e os jovens estão feito lixo nas ruas, caídos como copos velhos descartáveis.  Os idosos são dispensados na sociedade, sem serventia. Os pobres não tem acesso aos serviços básicos, obrigação de qualquer governo. Vejo pouca generosidade e não raro, falta muita compaixão.

Os meus adversários podem me criticar, mas essa injustiça social em Israel, se existe, está muito bem escondida. Vi diferenças de classe, vi diversidade cultural, vi dezenas de culturas e "backgrounds" coexistindo num espaço geográfico menor do que o Estado do Sergipe. Mas não vi indiferença! Israel está longe de ser a melhor nação, mas a verdade é que lutamos de todas as formas para alcançar valores de excelência. Queremos sim uma sociedade justa. E como temos lutado para isso.  Dia e noite.

Mas não só queremos, como lutamos para materializá-la. A festa mais importante do cristianismo já passou, assim como o saudoso ano de 2014.

E às vésperas de Rosh Hashaná meu desejo por um mundo mais justo permanece. Um mundo onde todos possam voltar  às suas origens conectadas com o Eterno, Bendito seja o Seu Santo Nome e reconhecer que não há um só povo ou uma só nação responsável  pelos males e pela injustiça social no mundo.


Shaná Tová e Chag Sameach!





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Barco de Jesus!

O compasso e as sirenas

Takala ou Pequenos Milagres